sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aprendizagem tangencial e Games.

Hoje eu fiquei inspirado por um vídeo que eu vi no “Extra Credits” que falava sobre aprendizagem tangencial em games. Eu tenho estudado bastante sobre aprendizagem, principalmente neste último período e achei o vídeo excelente.

Ele começa falando da diferença entre os jogos educacionais e os jogos “normais” e traz o conceito de “Educar” que seria ter o objetivo de ensinar a alguém algo específico e os jogos que se propõe a isso em geral são bem chatos. Embora eu até tenha me divertido com o Brain Age, tenho certeza de que aprendi bem menos com esse jogo educativo do que com um Assassins creed por exemplo.  
Estudos e mais estudos, pesquisas e mais pesquisas (e nós vemos um monte delas no curso de psicologia) tem nos mostrado que as pessoas assimilam muito melhor uma informação quando estudam tópicos que as interessam e na abordagem educacional as pessoas simplesmente tentam enfiar na sua cabeça um conteúdo que não te interessa e para o qual você não vê nenhuma finalidade! Mesmo que aprender funções biquadráticas tenham utilidade, e tenho certeza que tenham, durante o ensino médio os professores simplesmente querem enfiar isso na sua cabeça sem nunca se preocuparem em te deixar interessado por aquilo...
Neste caso os games tem uma grande vantagem, você já está interessado e é aí que entra a aprendizagem tangencial, que significa aprender por meio de  conteúdos expostos dentro de um contexto em que o sujeito já esteja engajado. No vídeo ele cita o seguinte exemplo, quantas pessoas, antigamente, sabiam quem era o Leonidas? Basicamente todo mundo já teve aula sobre esparta, mas depois do filme muito mais pessoas assimilaram este conteúdo, e há ainda aqueles que tiveram seu interesse desperto e se aprofundaram na história da Grécia apenas para saberem mais sobre seu personagem favorito.

Aprendizagem tangencial é quando uma parte do público irá se “auto-educar” depois de terem sidos apresentados a tópicos em contextos nos quais ele já está interessado e engajado. Eu não fazia ideia de quem era o Papa alexandre VI antes de jogar assassins creed 2 e graças a este mesmo jogo é que eu pesquisei bastante sobre a história da Itália e da família Bórgia! E isto ainda vái mais longe, em um dos comentários no video, o jogador fala que quando a professora de história da arte falava com ele sobre alguma arquitetura da Itália renascentista ele visitava o mesmo prédio por meio do assassins creed e isso facilitou muito seu aprendizado!
E não é só em relação a períodos históricos, hoje as crianças são muito mais familiarizadas com mapas do que antigamente.  Eu mesmo, muito antes de estudar psicologia já estava familiarizados com muitos termos Junguianos como Persona, Sombra, Arquétipos graças ao shin megami tensei,sem contar minhas descobertas em filosofia oriental e o pensamento de Schoppenhauer nesta mesma série!  Psicanálise?  jogue Xenogears e conheça Lacan, Ego e Id! E os três xenosagas: Der Wille zur Macht , Jenseits von Gut und Böse e Also sprach Zarathustra são todos nomes de obras do Nietzsche! Aposto que muita gente que estuda filosofia deve achar as aulas sobre Nietzsche um saco, mas e quem aprendeu por causa de Shin megami tensei e Xenosaga? E quantas pessoas nunca foram a uma sinagoga e sabem o que é Sephiroth? É óbvio que nem todos os fãs de final fantasy se preocuparam em saber o que isto realmente significa, mas como no vídeo, se pelo menos 0.1% dos fãs tiverem pesquisado são mais de 10 mil pessoas que enriqueceram suas vidas entrando em contato com a Cabala graças a Squaresoft! E de que outra forma eles teriam aprendido isso?
E olha o que eu li nesse site http://virgorv.com.br/br/?p=62 :
“No entanto um dos aspectos que talvez mais exemplifiquem bem o conceito de aprendizado tangencial, na relação de Isabel com os jogos, está no que ela foi acumulando sobre a subjetividade das relações humanas. “Os plots das histórias frequentemente envolvem dívidas de honra, senso de justiça e dever, pureza de caráter, gratidão e amor”, conta a estudante. “Esses temas, que são retratados de forma rasa ou maniqueísta em algumas mídias mais populares, como as novelas, por exemplo, são levados a fundo na maioria dos games que joguei.

O que me leva a uma outra questão, os games como veículo para aprendizagem, o que eles estão possibilitando aprender? Quais são os tópicos que emergem deles? O que eles podem ensinar? Que opiniões eles podem formar? Que tipo de desenvolvimento eles podem promover? E como isto está ou não, desvinculado de uma discussão política? Como diz a Viviane Mosé, vivemos um enorme avanço tecnológico, mas nosso desenvolvimento político e social não acompanha, vivemos um período de imaturidade político- social frente a esses avanços e é reflexo disso o monte de pessoas que ainda considera os games como brinquedos para crianças, um tipo de ignorância que chega a ser antiético, um conformismo que tenta escapar e finge não ver que estas questões se evolvem com as relações de poder das mais variadas formas, mais do que, talvez, queiramos admitir.

Papa Alexandre VI


Sephiroth


Calisto


Creditos ao meu amigo Restier

Um comentário:

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