sábado, 10 de dezembro de 2011

Games for Change debate jogos como prática sociopedagógica

SÃO PAULO (Agência USP) - Até domingo (11) acontece em São Paulo o Festival Games for Change, iniciativa da organização sem fins lucrativos de mesmo nome que, há oito anos, estimula e apoia a discussão e criação de jogos de impacto social.

Realizando pela primeira vez um evento na América Latina – em um iniciativa que começou esse ano na Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo, passou pelo décimo Simpósio Brasileiro de Games e Entretenimento Digital em Salvador (BA) e integrou eventos em colégios e universidades como Universidade de Taubaté (Unitau), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Faculdades deTecnologia (Fatecs), a Games for Change em parceria com a Cidade do Conhecimento na USP formam a primeira rede latino-americana a valorizar a relação entre jogos, aprendizagem e transformação social.

Sob direção de Gilson Schwartz, professor do Departamento de Cinema, Rádio e TV (CTR) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e produção executiva de Mario Lapin, o festival tem como objetivo promover a pesquisa, a criação e a disseminação de jogos digitais que transformem positivamente a sociedade. “O importante é provocar a discussão sobre o que é bom e positivo, sobre as fronteiras entre brincar e pensar, brincar e fazer”, ressalta Schwartz.

Contando com palestras, concursos e divulgação de projetos que promovem educação e ludicidade, o festival se divide entre a ECA, Paço das Artes, Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Durante os três dias, estudantes, professores, artistas e game designers discutem não apenas o impacto dos jogos no mundo contemporâneo, mas também como sua criação pode influenciar na formulação de novos jeitos de se pensar o mundo.

Do virtual para o real
Dentre os conceitos centrais debatidos durante os quatro dias está a “gamificação”, que é o uso de técnicas de game design e mecânica para resolver problemas e envolver o público. O termo foi cunhado pela game designer Jane McGonigal, especializada em jogabilidade imersiva e em jogos de realidade alternativa (ARGs). “Já se fala em gamificação do próprio mundo”, explica o professor Schwartz. “Os impactos psíquicos, sociais e cognitivos dos games tornaram-se um dos temas de maior urgência na academia, nos governos e nas famílias. A indústria do game vem sistematicamente superando em tamanho de mercado e valor de faturamento o próprio cinema em escala mundial”.

Sabrina Carmona, especialista em produção de jogos formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), revela que o conceito “pode ser usado não apenas para ampliar a diversão dos jogadores, mas também em iniciativas que estimulem reflexão e até projetos que auxiliam a reabilitação física de pacientes debilitados por acidentes”. As possibilidades são várias e vão além do lazer que, apesar de importante, não é o único foco dos produtores de jogos atualmente.

“Queremos mudar o paradigma de ensino”, revela Dorival Rossi, professor de design da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) em Bauru. “Os jogos educativos não podem ser apenas transposições dos livros para um game. O propósito ao discutir jogos é destacá-los como novas formas de se transmitir conhecimento”.

Ganhando território conforme a tecnologia avança, a realidade dos games deixou de ser restrita apenas a uma faceta mercadológica para se tornar uma indústria de importância estratégica, comercial e comportamental. “O objetivo de eventos como esse é ampliar as oportunidades de emprego, formação, geração de conteúdo e riqueza nesse universo cada vez mais amplo da economia digital criativa”, destaca Schwartz.

Ciente de que o desenvolvimento de jogos deve ser considerado uma prática pedagógica avançada, os organizadores do Festival Games for Change destacam que refletir sobre o jogar pode também qualificar o jovem para as competências necessárias em todas as indústrias e setores da economia, que vão além do próprio segmento dos videogames.

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